quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CFO

Hoje a capa do Correio anuncia a carreira de oficial da PMBA como mais disputada no estado em relação a concorrência, seria o "vestibular mais difícil da Bahia". Ciente do conteúdo da reportagem, é possível fazer algumas considerações e ajustes que a torne mais próxima do real. A reportagem aponta o número de aproximadamente 9 mil candidatos para 200 vagas, destacando a proporção na concorrência, mas posso garantir que quantidade não é sinônimo de qualidade nesse caso, os aprovados estão longe de ser os maiores cérebros do estado. Também não é uma prova fácil que passa qualquer um, mas com certeza nas universidades públicas e faculdades particulares há cursos em que a concorrência, apesar de matematicamente menor, nivela com notas de corte bem mais altas, então não basta ver o número simplesmente, é preciso interpretá-lo por completo. Muito felizes as colocações o senhor Cel PM Rivaldo, atual diretor da APM, evidenciando que a atratividade se dá principalmente pelas vantagens do serviço público, pela remuneração ao longo do curso, a estabilidade financeira, emprego certo e plano de carreira previsível ao longo do tempo. Os salários informados na reportagem correspondem a valores brutos, passíveis de acréscimos e, principalmente, abatimentos, até formar o ganho líquido. A parte que fala sobre o Al Of PM Rigoberto Rocha, meu colega de turma, está distorcida, dando a entender que o mesmo interessou-se pelo curso da Bahia, quando na verdade veio ao estado apenas para passar os 3 anos, retornando em breve ao Mato Grosso do Sul, já que fez concurso para a PMMS, onde seguirá carreira. O sr Maj PM Waldilson bem destacou a atratividade que o curso vem obtendo junto a classe média, agregando aos quadros pessoas de classes mais abastadas, alguns já dispondo de nível superior em curso, concluído ou até pós-graduação, o que não necessariamente implica em melhorias nos quadros da corporação, mas é de algum valor. O pronunciamento do sr Maj PM Rangel é bastante esclarecedor sobre as matérias estudadas, porém os reporteres agregaram dizeres com interpretação errônea no trecho "Além das atividades discentes, eles ainda trabalham na manutenção da sede da academia, como segurança, limpeza e na cozinha". Fique claro aos candidatos que, ao contrário de quartéis das Forças Armadas ou outros cursos, no CFO o aluno nunca pinta os muros, calçadas, capina os jardins, ou algo do tipo, é tudo terceirizado. A segurança do aquartelamento é feita por um corpo de praças e oficiais destacados para essa função, sendo que os alunos exercem a atividade de sentinela como uma vivência para sentir o que é um "quarto de hora", o comando de uma guarda, realização de rondas noturnas, mas sem se envolver diretamente no controle de quem entra e quem sai do quartel, por exemplo. Em relação à limpeza, as áreas livres e os famigerados banheiros são higienizados por empresa terceirizada, aos alunos resta somente a faxina da própria sala de aula e alojamento, até mesmo por questões de privacidade e segurança, ao evitar o acesso de pessoas alheias à atividade nesses espaços. E na cozinha, ao contrário do que parece pelo escrito, os alunos nem podem entrar, há uma empresa que fornece as refeições prontas, nenhum concursado descasca batatas ou lava pratos, apenas concorre uma escala para função administrativa de fiscalizar a quantidade de refeições servidas, só isso. No mais, foi oportuno o lembrete de que 31 PMs foram mortos esse ano; muita gente entra, e até mesmo sai da Academia, sem levar em conta essa realidade. Bem lembrou o professor Carlos Costa Gomes, coordenador do Observatório de Segurança Pública, "do risco de as pessoas estarem optando pelo curso de oficiais pensando apenas em uma oportunidade no mercado de trabalho", o que acontece na maioria dos casos hoje, trazendo frustrações aos anseios pessoais do candidato aprovado, e às expectativas da corporação quanto aos recém-chegados. A aptidão é indispensável para que não se vivam longos anos de amargura e instatisfação, refletida em possível má prestação de serviço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Victor, parabéns pelas críticas. Achei a matéria mal escrita. Farei a prova para oficiais no mês que vem e acredito que a matéria pouco trouxe de útil para candidatos ou futuros candidatos.
Alémd e tudo levaram em consideração apenas vestibulares da capital. Disseram ser o mais disputado da Bahia. Medicina na UESC - Ilhéus, deu 64 candidatos por vaga para o ano que vem.
E destacar quantidade como sinônimo de qualidade é complicado. No mais...parabéns pelo blog. Muito bacana!

 
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