1 - Após praticar roubo, ele havia sido agredido por populares, linchado, quando então foi resgatado pelos policiais militares, que o conduziram ao socorro imediato. Estava na maca sem algemas, conforme denunciam as imagens, talvez por não ter resistido ou tentado fugir no momento exato em que foi capturado, atendendo à vontade do Supremo ratificada em súmula. Por prevenção, a intuição policial poderia ter sido a de algemar, evitando o mal maior, mas o receio tem aumentado ultimamente.
2 - A reportagem insinuou que nenhum dos policiais dispunha de

algemas, o que não é tão duvidoso, por várias razões. Talvez não haja disponível para carga em sua unidade, ou ainda tenha, quiçá defeituosas, e o que falte é interesse em buscar o material. Talvez os combatentes não estejam dispostos a adquirir do próprio bolso devido ao custo, o que pode ser sanado pelos difundidos lacres plásticos, mas não duvido de existir em algum lugar um
comandante que o proíba de portar para não ferir a padronização e a uniformidade, obstaculizando assim seriamente a operacionalidade.
3 - Conduzir presos é como segurar um passarinho, se apertar muito ele pode morrer, mas se deixar folga ele foge. No Carnaval, tema do momento, as conduções costumam ser braçais, onde o

PM pode acabar se excedendo na torção, porém há casos de conduzidos que simulam dores visando ludibriar o policial e até se desvencilhar. Assim também é com as algemas, às vezes apertam excessivamente os punhos, mas há relatos de quem tenha se aproveitado de alguma folga para se livrar delas.
4 - O meliante em fuga acabou violando o domicílio de um policial, que o repeliu como em um "desforço incontinente", expulsando-o energicamente do lar sagrado de uma família, onde não se tolera que um violador das leis fugindo das autoridades se hospede e fique homiziado. É de se refletir se o exigível de um cidadão nessas condições seja oferecer água e conforto ao invasor, ou colocá-lo para fora a qualquer custo, principalmente sabendo do que ele havia feito antes.
Seria possível falar sobre tantas outras vertentes, porém o que não deve ser feito é a condenação precipitada dos envolvidos, já que só uma apuração cautelosa e detalhada das circunstâncias possibilitaria a emissão de um juízo preciso sobre a ação. O apresentador Raimundo Varela, fe

nômeno capacitado em julgar questões políticas, econômicas, sociais, esportivas, policiais e qualquer assunto que surja, em comentário diário em jornal à noite, disse que a cena da fuga era hilária, e ainda, "elogiando" o PM que correu para recapturar o marginal, disse, se meus ouvidos não falharam, que "
todo e qualquer policial atiraria" no criminoso em fuga, uma afirmativa pútrida. Como sempre, bradou com ênfase enfadonha que soldados não são autoridades policiais, mas sim os delegados, e que o preso devia ser apresentado à delegacia. Ora, isso é óbvio até para iletrados, alguém imagina que a guarnição conduziria o detido para um quartel, para suas casas ou para o jardim zoológico? Deixemos de criticar impropriamente os combatentes no terreno, façamos uma análise fria e racional, visando obter aprendizado e corrigir falhas.