Finalmente, olha de recolher as cinzas do Carnaval, que por sinal, pela ótica de alguns foram preciosas, frutos de um garimpo não tão limpo assim. Hoje em entrevista a dois telejornais matinais, na TV Bahia e TV Itapoan, o secretário de segurança pública propalava com indisfarçável sorriso a queda dos registros de violência, calculada em 7,8%, algo previsível desde o primeiro dia de festa, como já postado no blog, não em virtude de efetivos resultados do policiamento ou conscientização da população, mas pela dificuldade em se fazer os registros, como foi insistentemente batido aqui durante toda a festa. Pelo menos em Ondina, faltou impressora, cela, delegado, escrivão e principalmente boa vontade. Chegou-se ao ponto de requerer representação para crimes de ação penal pública incondicionada, havia uma aura de total desestímulo ao registro de ocorrências tanto para os policiais condutores quanto para as vítimas dos delitos, muitas vezes induzidas a abir mão dos procedimentos formais.
Existem constatações de apatia, desânimo e falta de profissionalismo em ambas as corporações policiais, sendo essa uma problemática de difícil remédio para os gestores. Mesmo sendo remunerados adicionalmente e de modo antecipado, contando com condições relativamente suficientes e favoráveis à prestação do serviço, alguns servidores insistem em exercer suas funções com má vontade e indisposição.
Sobre as brigas, elas continuam a ocorrer em sua quase totalidade nos mesmos lugares, nas mesmas circunstâncias e com as mesmas pessoas, variando um pouco ultimamente com a crescente constatação de mulheres participando das lutas. Quando se reprime essa prática, um breve levantamento é capaz de evidenciar que os participantes são quase sempre do subúrbio, naqueles mesmos bairros periféricos onde ocorrem homicídios e chacinas diariamente. É mais uma questão cultural de má educação do que falta de espaço na avenida, não há como deixar de crer nisso, por mais que tentem distorcer.
As estatísticas chegam a irritar, é óbvio que o circuito Dodô (Barra-Ondina) obrigatoriamente registra um índice de ocorrências muito maior que os demais, enquanto o Carnaval por lá se prolonga até o 7º dia, no circuito Osmar (Campo Grande-Avenida) só há, de fato, 3 dias de festa, e o circuito Batatinha (Pelourinho), por sua vez, é reduto de crianças, idosos, famílias, alguns turistas e pessoas mais pacatas, sem axé, pagode, trio elétrico e os ingredientes da problemática violenta.
As autuações por porte e tráfico de drogas passam longe da realidade, infinitamente superior ao apresentado nos balanços.
Sobre o evento envolvendo oficial e delegado que resultou em desentendimento, cabe ao alto escalão apurar e se manifestar em relação ao incidente indesejável.
O foco da violência continua limitando-se predominantemente às cordas dos blocos versus a pipoca, justamente pelas pessoas que compõem tais grupos. Arrisco afirmar que o maior problema do Carnaval se chamou Fantasmão, banda idolatrada por muitas facções, com letras e ritmos incitadores da agressividade, rendendo demandas extras e esforços incansáveis das patrulhas.
É risível constatar um número de furtos abaixo de 100 enquanto as perdas de documentos geralmente passam com folga da casa dos milhares. Alguém imagina que as carteiras voluntariamente pulem tanto dos bolsos em meio à festa?
Enfim, chegamos ao fim de mais um Carnaval sem homicídios nos circuitos da folia, reunindo-se milhões de diferentes pessoas ao longo de muitos quilômetros durante 7 dias de euforia em uma receita possivelmente mais explosiva do que um barril de pólvora, porém controlada com primor pela PM - enquanto só na noite do réveillon de Copacabana foram 5 baleados esse ano. Do que é motivo de orgulho temos que nos vangloriar, mas não adianta tapar o sol com a peneira, maquiando uma realidade que até tem remédio, mas nem todos estão dispostos ao sacrifício de trabalhar para combatê-la.
Sobre as brigas, elas continuam a ocorrer em sua quase totalidade nos mesmos lugares, nas mesmas circunstâncias e com as mesmas pessoas, variando um pouco ultimamente com a crescente constatação de mulheres participando das lutas. Quando se reprime essa prática, um breve levantamento é capaz de evidenciar que os participantes são quase sempre do subúrbio, naqueles mesmos bairros periféricos onde ocorrem homicídios e chacinas diariamente. É mais uma questão cultural de má educação do que falta de espaço na avenida, não há como deixar de crer nisso, por mais que tentem distorcer.
As estatísticas chegam a irritar, é óbvio que o circuito Dodô (Barra-Ondina) obrigatoriamente registra um índice de ocorrências muito maior que os demais, enquanto o Carnaval por lá se prolonga até o 7º dia, no circuito Osmar (Campo Grande-Avenida) só há, de fato, 3 dias de festa, e o circuito Batatinha (Pelourinho), por sua vez, é reduto de crianças, idosos, famílias, alguns turistas e pessoas mais pacatas, sem axé, pagode, trio elétrico e os ingredientes da problemática violenta.
As autuações por porte e tráfico de drogas passam longe da realidade, infinitamente superior ao apresentado nos balanços.
Sobre o evento envolvendo oficial e delegado que resultou em desentendimento, cabe ao alto escalão apurar e se manifestar em relação ao incidente indesejável.
O foco da violência continua limitando-se predominantemente às cordas dos blocos versus a pipoca, justamente pelas pessoas que compõem tais grupos. Arrisco afirmar que o maior problema do Carnaval se chamou Fantasmão, banda idolatrada por muitas facções, com letras e ritmos incitadores da agressividade, rendendo demandas extras e esforços incansáveis das patrulhas.
É risível constatar um número de furtos abaixo de 100 enquanto as perdas de documentos geralmente passam com folga da casa dos milhares. Alguém imagina que as carteiras voluntariamente pulem tanto dos bolsos em meio à festa?
Enfim, chegamos ao fim de mais um Carnaval sem homicídios nos circuitos da folia, reunindo-se milhões de diferentes pessoas ao longo de muitos quilômetros durante 7 dias de euforia em uma receita possivelmente mais explosiva do que um barril de pólvora, porém controlada com primor pela PM - enquanto só na noite do réveillon de Copacabana foram 5 baleados esse ano. Do que é motivo de orgulho temos que nos vangloriar, mas não adianta tapar o sol com a peneira, maquiando uma realidade que até tem remédio, mas nem todos estão dispostos ao sacrifício de trabalhar para combatê-la.
5 comentários:
Em relação ao ocorrido entre as policias militar e civil, sabemos que vai gerar uma apuração dos fatos, mas com toda certeza vai terminar em pizza.
Agora imaginem se o atrito fosse entre os agentes e os praças da PM na mesma circunstância, onde os policias militares estariam agora?
BPCHOQUE !!!!
No texto acima ...
onde se lê (onde os policias) lê-se ( onde os policiais )
Trabalhei no circuito Osmar, como Cmt de PPI (Posto Policial Integrado) e pude constatar a apatia dos agentes, bem como de algumas patrulhas das Cia Especializadas, sendo que inclusive indaguei a um cmt de patrulha, o motivo desta apatia, sendo que o mesmo informou que as patrulhas foram advertidas a "maneirar" no combate ao brigões, caso contrário seriam punidos. Em uma das noites que trabalhei, a delegada reclamava que estavamos trazendo muitos detidos e que assim teriamos um aumento da estatistica da violência. Será que foram orientados a mascarar os dados ???? Quanto ao fantasmão, de forma semelhante, o Black Style tambem provoca muita confusão...
No que se refere ao fantasmão, teci um comentário com um Cap do CPC, sobre o motivo de não estender o mesmo aparato policial que acompanha Chiclete com Banana, respeitando o numero de foliões e a tradição deste, às outras atrações que causam tumultos e brigas quando da sua passagem pelos circuitos, a exemplo do fantasmão, Parangolé e Black Style, sendo que o mesmo me respondeu que o Chiclete era o termômetro do carnaval... Oras, se é o termômetro estão esquecendo dos outros sintomas da febre, que são as inúmeras brigas que ocorrem durante a passagem desta ultimas bandas citadas. Vale a pena refletir e reavaliar o planejamento, para que fatos mais graves não ocorram....
O entrosamento de Bell Marques com o alto comando da PMBA chega a ser pessoal, e da parte dele vê-se um esforço e uma consciência ao adequar o repertório com o ambiente, evitando músicas "aceleradas" em locais indesejados. As letras do Chiclete não fazem menção à violência, como escancaradamente se propõe o Fantasmão e semelhantes. Realmente já passou da hora de reavaliar o acompanhamento desses blocos de pagode, alguma medida adicional precisa ser adotada, mas que a boa vontade do cantor já adiantaria grande parte do trabalho, disso não há dúvidas.
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