domingo, 26 de abril de 2009

Vidas

Dois fuzileiros navais faleceram ontem à noite durante treinamento. Geralmente não se passa longo período sem que seja constatada a morte de militares, sejam bombeiros, policiais, do Exército, Marinha ou Aeronáutica, durante manobras, exercícios simulados e instruções diversas. Ao final, são vidas sacrificadas por um nobre ideal de servir com excelência, ou vidas desperdiçadas por falta de profissionalismo e excesso de traquejo? Difícil avaliar. Sim, quem interage com armas e passa por provações extremas está sujeito a riscos diferenciados em relação às demais profissões, mas até que ponto isso justifica tantos óbitos constatados com certa semelhança? Uma coisa é tombar em confronto, enfrentando o risco ajuramentado, mas daí a sucumbir ou sofrer limitações eternas enquanto se fantasia um combate a inimigo imaginário, que talvez nunca seja encontrado, há um grande paradoxo.

Um comentário:

@bloggerbrasilis disse...

Tudo bem Victor?

Sou assinante dos feeds do seu blog e achei que essa reportagem pode ser um tema para uma futura postagem sua. Um abraço e sucesso!

Gazeta de Alagoas - 27/04/2009

Alcoolismo atinge cerca de 2 mil PMs

Problema não se resume apenas aos policiais, oficiais também fazem parte das estatísticas alarmantes divulgadas

REGINA CARVALHO - Chefe de reportagem

Um gole de aguardente é o desjejum de muitos militares alagoanos. O ritual vem após se vestirem para a batalha diária nas ruas do Estado mais violento do País.

A ingestão de álcool virou rotina, mas não apenas de quem corre atrás de bandido, daquele que recebe salário menor.

Oficiais superiores – gente do alto escalão que comanda e pensa a segurança pública – também estão adoecendo: viraram dependentes de álcool e engrossam a lista de personagens acompanhados por psicólogos e assistentes sociais.Tentam se curar.

Em todos os Estados, pobre ou rico, a situação não é mais novidade: o policial está bebendo mais e algum tempo depois pode virar um dependente de álcool, um alcoolista, mesmo ele próprio não admitindo tal situação e seus comandantes – são muitos – fecham os olhos para o problema que faz ruir a dignidade do policial militar.

Ajuda na recuperação ainda é deficiente
O acompanhamento a militares dependentes caminha a passos lentos, segundo avaliam as associações que representam as categorias. “O apoio é muito aquém do que deveria. A contribuição na tentativa de recuperar é muito pouca. As polícias são as que mais sofrem consequências como o estresse. O paliativo para o estresse é beber. Essa virou uma forma de relaxar”, declarou o presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Wagner Simas. O militar disse que já presenciou casos de policiais que estavam num nível de dependência tal que tiveram de ser transferidos para outros Estados para ter tratamento médico especializado.

PM lança programa preventivo

Uma iniciativa está aí para tentar “salvar” os militares alagoanos do álcool, um programa de prevenção. Oficiais serão escolhidos – e capacitados – para identificar, abordar e acompanhar policiais da corporação que têm bebido além da conta. Isso a partir da segunda quinzena de maio. O objetivo é oferecer ajuda, antes que seja tarde, como tem acontecido nos últimos tempos. A “transgressão disciplinar” será finalmente encarada como doença. Efetivamente, Alagoas nunca teve um programa para ajudar esses militares.
“Quando o policial nos procura já está totalmente dependente, por isso queremos identificar antes os casos, através da capacitação dos oficiais feita por psicólogos”, disse o tenente-coronel Valdeir Araújo, chefe do Centro de Assistência Social (CAS) da PM.

Recuperado, PM ajuda colegas de farda

Com a autoridade de quem atua há 24 anos na Polícia Militar, dez deles dedicados ao trabalho ostensivo, o soldado José Cícero da Silva, viveu longos anos de sua vida quase no fundo do poço. Levou duas punições do comando por conta de sua dependência e hoje, evangélico, tenta ajudar colegas de farda a sair do vício. A reviravolta não foi fácil. Hoje às vésperas de completar 48 anos, ele atribui sua vitória “primeiramente a Deus”, segundo a sua força de vontade e depois ao trabalho desenvolvido pelo CAS.

Há nove anos o soldado José Cícero deixou de beber. “Eu era um policial muito competente e o comando sabia disso. Por isso recebi muita ajuda. Eles viram meu caso.

 
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