O militar (substantitivo) não pode militar (verbo). Lamentavelmente esta asserção parece verdadeira em diversos casos. Ainda sou defensor da manutenção da doutrina militar nas polícias nos estados, mas não deixo de considerar desvantagens que isto possa acarretar. A voz do militar muitas vezes é calada a bem da disciplina, o que pode tanto auxiliar o controle quanto omitir abusos. Nos últimos dias muito se comentou sobre declarações do General-de-Divisão Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ao tratar sobre a problemática da soberania na Amazônia. O Exército Brasileiro sabidamente passa por dificuldades, e diante de uma manifestação legítima e cautelosa, diz-se ter havido certa resistência de alguns setores, que as palavras proferidas foram malvistas, cobrando-se explicações em patamar que certamente não aconteceria caso fossem outras autoridades declarando.
Parece ser assim também nos estados, nem todos os coronéis costumam fazer comentários sobre questões estruturais e salariais. Nas entrevistas, a praxe é comentar somente sobre amenidades e temas abstratos; é bem verdade que certos problemas podem e devem ser mantidos nas esferas internas, "roupa suja se lava em casa", mas há ocasiões em que a verdade precisa ser dita, e nem sempre o é. Se isto acontece com oficiais generais e superiores, também com os demais postos e graduações não é diferente, o que compromete a representatividade e dificulta pleitos de melhorias. Certos ou errados, poucos ousam "colocar a cabeça a prêmio", sob risco de serem alcançados por estatutos, regulamentos e até mesmo pelo Código Penal Militar.
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
2 comentários:
pelo menos o general teve a coragem de falar sobre o que acontece de errado, o que muito dificilmente se vê nas polícias. já aconteceu o caso do comandante da aeronáutica, que, com outras palavras, disse ao presidente lula, que quem manda na força aérea são seus comandantes militares. seria bom se ao menos uma vez isso acontecesse em âmbito estadual.
"quem manda na força aérea são seus comandantes militares" essa afirmação é totalmente sem cabimento. Quem manda nos comandantes militares é o presidente da república, comandante supremo das três forças. não há mais o que se discutir quanto a isso. Quanto ao que o GEN Heleno vem falando, ele tem total razão! As áreas indígenas são hoje praticamente um "estado alheio" ao brasileiro. O que o Cmt militar da amazônia quer é garantir a presença verde oliva em todo o território nacional, sem exceções. Quem assistiu a entrevista do mesmo no canal livre (bandeirantes) entede tudo o que "tentei" dizer.
abraços
Postar um comentário