segunda-feira, 23 de março de 2009

Partida

Clássicos de futebol são sempre "aulas" para quem estuda o policiamento, dando margem a diversas análises. Do jogo de ontem, pode-se depreender como o foco do problema parece se resumir às torcidas organizadas Bamor e Imbatíveis, inegavelmente composta por muitos (mas não todos) indivíduos de reputação duvidosa, menores infratores, consumidores de drogas, praticantes de desordens e com passagens pela polícia. Longe de um rótulo precipitado e preconceituoso, essa é uma constatação prática que não há como ser afastada da realidade. O cenário antes do jogo era claro, várias centenas de policiais suportando o calor escaldante sob um capacete, fardados com calça, coturno, duas camisas que esquentam bastante, cinto de equipamentos, numeração ostensiva ou identificação que permite facilmente a detecção e responsabilização por qualquer falha cometida. Estão lá, trabalhando em plena tarde de domingo, alguns sem receber um centavo a mais por isso, e dispostos a proteger o cidadão - mesmo aquele que, por opção, vive às margens da lei. Do outro lado, dividem-se entre facções tricolores e rubro-negras vários baderneiros, que desde seus bairros são escoltados por diversas viaturas, motos, cavalos, patrulhas a pé e até helicóptero fazendo a cobertura. Chega a ser paradoxal o grandioso aparato destinado à "turma da bagunça", quando não há a mesma assistência para os cidadãos de bem. A PM prepara um grande cordão de isolamento à frente do estádio, a aproximação dos "diferentes" é marcada pela agitação criminosa de xingamentos, gestos obscenos, culminando no arremesso de latas, garrafas e pedras uns contra os outros. A PM então reage, contendo os excessos, e isso faz com que ela seja criticada duramente, como se fosse a errada no cenário. A crítica deveria ser ao contrário, a conjuntura atual tornou os policiais tão tolerantes e cordiais que estão esperando o pior acontecer para então agir, estão dando margem à balbúrdia até que se chegue ao insuportável. É preocupante ter que escalar mais de 1 mil policiais para um evento especial desta natureza, a cada disputa o efetivo empregado cresce mais ainda, e os problemas continuam. No posto da Polícia Civil no estádio, os computadores sequer conectavam-se à rede, impedindo o bom andamento do serviço. Para a segurança, a preocupação se resume, quase que em absoluto, aos integrantes das 2 agremiações citadas - os torcedores que vão isolados, por conta própria, dificilmente se envolvem em problemas. Mesmo com o empurra-empurra diante da dificuldade para ingressar, estes últimos não saem aos sopapos, e a PM se desdobra para gerenciar, por exemplo, a quebra de catracas, um erro que não lhe cabe prevenir, nem tem meios de solucionar, mas recai sobre ela a responsabilidade pelo "remédio". Estão querendo transformar mocinhos em bandidos, quem estava lá acoolizado, entorpecido, sem camisa, xingando, gesticulando de modo obsceno, arremessando objetos e procurando briga não eram os policiais, eram os marginais. Os policiais militares suportaram o desgaste e foram obrigados a agir com a força necessária em casos excepcionais, o que gera críticas infundadas. Mesmo com o placar de 0 x 0, que tende a limitar a agitação ao final, as corjas ainda apresentam disposição para se enfrentar na saída, passadas 2 horas do final da partida. Basta imaginar que, se só fosse pra lá a polícia, tudo seria pacato e sem alterações. Se fosse somente a torcida, muitas seriam as mortes. Indo ambas, por mais que a corporação evite, ainda persistem as desavenças, mas dentro da técnica são solucionadas, e incompreensivelmente alguns jornalistas se desdobram para encontrar defeitos e tentar diminuir o brilho do trabalho. Parabéns aos cumpriram com primor o seu dever neste domingo.

Um comentário:

Anônimo disse...

DIANTE DISSO, NOS ORGULHAMOS AINDA MAIS. DIZ UM VELHO ADÁGIO POPULAR QUE " QUANDO A POLÍCIA ESTÁ PERTO INCOMODA E QUANDO ESTÁ LONGE FAZ FALTA".
NO NOSSO COTIDIANO, VEMOS DE PERTO ESSA REAL SITUAÇÃO.
NO CASO ESPECÍFICO ÀCIMA, É UM EFETIVO BASTANTE CONSIDERÁVEL, SUFICIENTE E ALTAMENTE PREPARADO PRA FAZER FRENTE A QUALQUER SITUAÇÃO. TODOS OS PROBLEMAS VEM EXATAMENTE DO LADO OPOSTO QUE VÃO,PARTICULARMENTE, AOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL JÁ COM ESSE OBJETIVO: CAUSAR TUMULTO. A IMPRENSA POR SUA VEZ, SÓ AGUARDA NA ESPREITA UMA FALHA MÍNIMA DA POLÍCIA, AFIM DE VENDER SUAS MATÉRIAS JORNALÍSTICAS. E VENDEM BASTANTE, APESAR DE EM ALGUMAS SITUAÇÕES, SE VEJAM OBRIGADAS A DESMENTIR ALGUM FATO DIVULGADO DE FORMA PRECIPITADA E EM RAZÃO DISSO, MENTIROSA.
PESSOALMENTE, ACHO QUE A IMPRENSA TEM UMA GRANDE PARCELA DE CULPA NESSA VIOLÊNCIA EM EVENTOS DE GRANDE CONCENTRAÇÃO DE PESSOAS.
A NOSSA CORPORAÇÃO PM ESTÁ DE PARABÉNS, DE NOVO.

 
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